As células humanas estão em constante divisão, e isto é fundamental para manutenção do organismo. Existem uma série de mecanismos envolvidos na divisão celular para manter a perfeição genética. Falhas nestes mecanismos podem levar à replicação desordenada e desenfreada, provocando invasão dos tecidos adjacentes e disseminando células malígnas (câncer) para outros órgãos (metástases).

Acredita-se que uma predisposição genética associada a fatores ambientes (químicos, físicos ou biológicos) são determinantes no surgimento do câncer. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam em 7,6 milhões de óbitos de câncer no mundo atualmente. No Brasil o câncer já ocupa a segunda colocação de mortes, atrás somente dos eventos cardiovasculares.

A prevenção do câncer nasceu do conhecimento maior sobre a doença, mas também de muitos estudos clínicos que avaliaram intervenções e resultados em grandes populações. A estimativa da OMS é de que um terço da incidência atual de câncer no mundo poderia ser evitado. Isto representaria um enorme ganho de expectativa de vida, qualidade de vida e custo para a população.

O tabagismo, por exemplo, é o maior destes números, pois 22% dos casos estão diretamente relacionados a este vício. Os tipos de tumores mais frequentemente associados ao tabagismo são: pulmão, cabeça e pescoço, esôfago, pâncreas e bexiga.

O etilismo também está associado ao aumento do risco para desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço, esôfago, fígado, cólon e mama. Algumas alterações do hábito de vida e mudança dietética são fundamentais, não só na prevenção do câncer, como também na prevenção de outras doenças cardiovasculares. Sabe-se hoje que a obesidade, sedentarismo e uma dieta rica em gordura animal e carne vermelha, pobre em vegetais, frutais, fibras e cereais aumentam significativamente o risco de câncer de mama, cólon e reto, endométrico, estômago e esôfago.

Vírus e bactérias também estão relacionados ao surgimento do câncer em alguns indivíduos. O vírus da hepatite B e C podem causar câncer no fígado, o vírus do papiloma humano (HPV) é o principal vilão do câncer de colo de útero. O uso do preservativo pode prevenir a contaminação pelo HPV. Um exame simples, como a colpocitologia oncótica (Papanicolau) pode detectar alterações provocadas por este vírus antes do desenvolvimento de um tumor invasivo. Mais recentemente, com o surgimento da vacinação contra o vírus da hepatite B e do HPV estima-se uma redução importante destes tipos de câncer.

A radiação solar, cada vez mais intensa com o tempo, tem forte associação com o desenvolvimento dos tumores da pele. A maior parte dos tumores de pele é passível de ressecção cirúrgica com alta curabilidade, porém, o melanoma caracteriza-se por uma agressividade extraordinária.
Medidas simples como evitar o sol direto principalmente no período entre 10 e 16 horas, além de chapéu, filtro solar e roupa adequada, podem salvar vidas.

Os fatores genéticos obviamente não podem ser alterados, mas podem ser monitorados. É possível detectar mutações genéticas no indivíduo com alto risco de câncer familiar, que deverá se submeter a um número e frequência maior de exames. Além disto, em alguns casos indica-se uma cirurgia mais radical de retirada profilática do órgão de maior risco e, em famílias com histórico forte de câncer, até o aconselhamento genético é necessário.

Além da indicação anual de mamografia a partir dos 40 anos e colpocitologia oncótica desde o início da vida sexual, a mulher deve realizar o exame de colonoscopia a partir dos 50 anos. Para os homens, a partir dos 50 anos a colonoscopia está indicada e o exame prostático e PSA anual devem ser discutidos com o urologista.

Pacientes com histórico de tabagismo severo devem entrar em um programa de cessação deste vício. Estudos recentes sugerem que a realização de tomografias de tórax como rastreamento para câncer de pulmão nestes pacientes, pode detectar precocemente o aparecimento de nódulos malignos pulmonares.

Apesar das recomendações das entidades médicas serem de caráter generalizado, está claro que cada indivíduo deve ser avaliado pelo seu médico e as decisões ou orientações devem ser particularizadas.

Os 10 mandamentos para evitar a doença:

1. Não fume.
Ao fumar, são liberadas no ambiente mais de 4.700 substâncias tóxicas e cancerígenas, inaladas por fumantes e não fumantes.

2. Mantenha uma alimentação saudável.
Manter-se magro dentro de limites saudáveis, evitando o consumo excessivo de carne vermelha e bebidas alcoólicas, é uma das melhores maneiras para prevenir a doença. Também é bom tomar cuidado com o consumo excessivo de sal e de açúcar.

3. Use e abuse de alimentos de origem vegetal.
A exemplo de hortaliças, frutas, cereais e grãos integrais.

4. Evite ou limite a ingestão de bebidas alcoólicas.
Os homens não devem tomar mais do que duas doses por dia, enquanto as mulheres devem limitar este consumo a uma dose. Isto é, um copo de cerveja ou uma taça de vinho.

5. Mexa-se!
Mantenha-se fisicamente ativo por pelo menos 30 minutos todos os dias. Troque o elevador pelas escadas, leve o cachorro para passear, cuide do jardim, varra a casa, caminhe, dance.

6. Previna-se.
Os homens, entre 50 e 70 anos, precisam nas consultas médicas investigar o câncer de próstata, principalmente se houver histórico familiar da doença. As mulheres, por sua vez, devem realizar exame preventivo ginecológico. As com mais de 35 anos precisam fazer mamografia uma vez por ano, mesmo que não percebam nenhum sintoma.

7. Realize exame de sangue oculto nas fezes a cada ano (preferencialmente) ou a cada dois anos.
A recomendação vale para mulheres e homens com 50 anos ou mais.

8. Evite exposição prolongada ao sol entre 10h e 16h.
Também é recomendável o uso de proteção adequada, como protetor solar e chapéu.

9. Realize diariamente a higiene bucal.
Capriche na escovação dos dentes e da língua e não deixe de consultar o dentista regularmente.

10. Amamente as crianças até os seis meses.


IMPORTANTE

Somente um médico pode diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios.
As informações e dicas em saúde possuem apenas caráter educativo.


Fonte:
Dr. Ariel Kann, médico oncologista do Centro de Combate ao Câncer – www.cccancer.net

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